quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Só tem café para servir em hospital para indígenas

“Geralmente, o café da manhã é café e pronto. Sem pão, biscoito ou algo parecido, sem a menor perspectiva de comer algo no almoço”

Índios que se recuperam de doenças como malária e tuberculose na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Lábrea, cidade a 701 quilômetros de Manaus, estão sem alimentos e água potável. A situação se arrasta há aproximadamente três meses, segundo a Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Purus (Focimp).

Foto: Reprodução/Google Maps

Lábrea fica a 700 quilômetros de Manaus

Em nota, o Ministério da Saúde informou que acionou o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Porto Velho, capital de Rondônia, para normalizar o abastecimento dos indígenas. A cidade é a capital mais próxima de Lábrea.

Hoje, cerca de 50 pessoas, entre pacientes e acompanhantes, estão abrigadas no local. A Casai de Lábrea é responsável pelo atendimento médico de 14 povos indígenas da região. Um universo de aproximadamente 8 mil pessoas, em 96 aldeias, segundo informações da Focimp.

O diretor-executivo da entidade, José Raimundo Pereira Lima, indígena da etnia apurinã, afirma que, "para não passar fome”, os índios contam com a solidariedade de caminhoneiros e pessoas que trafegam diariamente pela BR-230, a transamazônica. Os pacientes também contam com doações da Igreja Católica e missões evangélicas. “Não tem outra alternativa. Pedimos para quem pode nos dar socorro. Estamos abandonados”, afirmou ele sobre a alimentação das pessoas no hospital. “Geralmente, o café da manhã é café e pronto. Sem pão, biscoito ou algo parecido, sem a menor perspectiva de comer algo no almoço”, complementou.

A Casa de Saúde Indígena é mantida e administrada pelo Distrito Especial de Saúde Indígena (Dsei) do Médio Purus, localizado no Amazonas, próximo à divisa com os Estados do Acre e de Rondônia. O Dsei é subordinado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

No início da crise, o caso foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas. O MPF instaurou inquérito civil público para apurar “omissão da estruturação” do Dsei do Médio Purus.

Além de apurar problemas com a alimentação dos indígenas, o Ministério Público também investiga denúncias da Associação dos Profissionais Indígenas do Médio Purus (Apisamp) sobre a falta de remédios e de meios de transportes e comunicação no distrito de saúde indígena. No início de julho, o MPF encaminhou ofício à Sesai pedindo explicações. O prazo para uma resposta vence nas próximas semanas.

O Ministério da Saúde informou que o Dsei de Porto Velho ficará responsável pela normalização, em caráter emergencial, do abastecimento de alimentos da Casai de Lábrea. Isso porque o distrito de Porto Velho fica a quatro horas de carro da região. Nesta semana, o ministério promete enviar técnicos para Lábrea “para por em prática plano de ação para a organização do saneamento, gestão e atenção à saúde indígena”. “O Ministério da Saúde está regularizando a compra e fornecimento desses produtos em todos os Dseis do País”.

Por: Último Segundo

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