sábado, 26 de março de 2011

Alcoolismo na juventude


Ser um alcoólatra quando jovem implica em problemas até mais graves do que em adultos. Isso porque o abuso do álcool pode alterar o sistema nervoso que ainda está em formação. O resultado: causa dependência de forma mais rápida e destruidora do que em pessoas maiores de 21 anos, segundo Sérgio Duailib, especialista em dependência química e doutor pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
- Quanto mais precoce se inicia o consumo de álcool, mais cedo a bebida vai atingir o sistema nervoso. Essa estimulação precoce leva a repetição do comportamento de forma bem mais frequente do que em um cérebro de um adulto, que já está totalmente formado e preparado para receber e reagir a esses estímulos.
O resultado das bebedeiras tende a influenciar de forma crítica no aprendizado e na vida social desse jovem.
- A dependência leva à tolerância da bebida e esse jovem vai precisar cada vez mais dela para conseguir o mesmo efeito. Isso vai levar a queda do rendimento escolar e alteração do comportamento.
Qual é o limite?
O limite entre beber muito para se divertir ou para afogar as mágoas é bem tênue se comparado com pessoas que bebem por vício, como um alcoólatra, explica o psiquiatra Pedro Katz, diretor técnico do SAID (Serviço de Atenção Integral ao Dependente), do Hospital Samaritano em conjunto com a prefeitura de São Paulo.
Segundo o especialista, beber várias vezes por semana, ou voltar alcoolizado das últimas reuniões com amigos, já podem ser considerados fortes indícios de abuso do álcool.
Entender como isso acontece nem sempre é fácil. São vários os fatores que levam os jovens a beberem demais e, por consequência, se tornarem alcoólatras. Um deles, segundo Katz, é achar que o uso esporádico do álcool é normal até dentro de casa. A família pode ter papel importante neste comportamento.
- É a banalização do consumo que mais preocupa. Um exemplo é a apresentação da bebida pelos próprios pais ou por amigos cujos pais autorizam e incentivam, sem lembrarem que o jovem busca sensações de prazer ou vive em pressão de um grupo.
É comum também, segundo ele, jovens abusarem da bebida para ficarem mais desinibidos, preencher vazios existenciais, quadros de ansiedade, e mesmo uma depressão. E quanto maior for a frequência, aumenta a chance desse jovem se tornar dependente.
Diante desses fatores, Katz orienta aos pais ficarem atentos ao comportamento dos filhos e saber quem são seus amigos.
Tratamento
O alcoolismo juvenil deve ser tratado. O ideal é procurar um médico psiquiatra, que tem condição de analisar o comportamento e administrar medicação adequada, da mesma forma como é tratado alcoólatras de qualquer idade. O diferencial nestes casos, no entanto, é saber como lidar com um paciente mais jovem. Por isso, Katz indica aos pais procurar por especialistas em tratamento de adolescentes.
- O adolescente é muito mais impulso do que emoção. Com eles tem que se buscar primeiro uma questão motivacional, trabalhar com reforços positivos, e descobrir se ele sofre de outros quadros como ansiedade, déficit de atenção ou depressão, antes de tratar.

Fonte: Folha Vitória



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este espaço é livre. Os comentários são de total responsabilidade dos seus remetentes, não representando necessariamente a minha opinião.
Todos os comentários serão publicados após moderados, mas os comentários anônimos nem sempre serão respondidos.
Porém, não serão tolerados spams, insultos, difamação ou ataques pessoais a quem quer que seja.
Textos ofensivos ou que contenham agressão, discriminação, palavras ou expressões grosseiras e sem estarem inseridas no contexto, ou que de alguma forma incitem a violência ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil serão excluídos.