segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pompa e marketing político na “retomada” da Rocinha

Reportagens publicadas nesta segunda-feira na imprensa internacional avaliam que a operação de ocupação da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, foi "espetacular", "determinante" e "ambiciosa".

Estamos vendo na mídia e especialmente nos mais fortes integrantes do PIG a espetacularização da “retomada” da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, como se isso não fosse simplesmente a obrigação dos governantes, com um “pequeno” atraso de 40 anos. Isso mesmo, apenas 4 décadas de total descaso do poder público.

Conforme informa a BBC Brasil, relatos publicados nos jornais europeus e americanos destacam ainda que a retomada de territórios então controlados pelo tráfico de drogas será importante para garantir a segurança da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

"Foi a operação mais ambiciosa até agora, em um esforço de aumentar a segurança antes que o Rio receba os jogos da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016", destacou o americano Washington Post.

"O governo está contando com esses eventos para sinalizar a ascensão do Brasil como potência econômica, política e cultural."

Ainda nos EUA, o Wall Street Journal ressaltou que a operação foi "cuidadosamente orquestrada".

1311op18Para o jornal, ainda que o Rio permaneça sendo "uma justaposição caótica de bairros, ilustrando a divisão sócio-econômica do Brasil", a ‘pacificação’ das favelas "aumenta a esperança de que a cidade, após décadas de desespero, consiga manter o crime sob controle" para os eventos.

Já o New York Times destaca que a ocupação da Rocinha e do Vidigal foi um "esforço determinante" e uma "fase crucial no combate aos traficantes de droga que controlam favelas da cidade".

O diário lembra que a operação realizada nas primeiras horas foi diferente de anteriores que viram uma verdadeira batalha campal entre forças do tráfico e do Estado, deixando dezenas de mortos – como a ocupação do Morro do Alemão.

"Críticos dizem que a operação Choque de Paz pareceu um pouco exagerada, dada a tranquilidade da Rocinha em comparação com a atmosfera de outras favelas do Rio", escreve o jornal.

"Ainda assim, a operação permitiu às autoridades destacar os avanços na segurança nos últimos anos, que tornaram partes da cidade consideravelmente mais seguras."

Cena de guerra

Na Europa, o espanhol El País descreveu a operação como "espetacular". A ocupação "contou com uma cenografia própria de um Estado de guerra", escreveu o correspondente do jornal.

"O grosso da operação se produziu de noite e com o máximo sigilo, quebrado depois pelo estrondo dos voos rasantes dos helicópteros e o avanço dos tanques."

O britânico Independent descreveu a tomada da Rocinha como importante, dada sua "posição estratégica" para controlar o tráfico na zona sul do Rio.

Já o The Guardian descreveu com detalhes a suposta residência do traficante Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, apontado como um dos chefes do tráfico na facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA).

A visita dos jornalistas brasileiros e estrangeiros à residência de Peixe foi organizada pela própria polícia, em um esforço de marketing que conseguiu espaço na imprensa desta segunda-feira.

Muitos dos jornais também lembraram que a chegada da polícia foi recebida de maneira distinta pelos moradores: uns estavam otimistas, outros, pessimistas, e uma parte simplesmente não sabia o que pensar.

Como escreveu o El País, "quase ninguém espera grandes mudanças, e muitos comentam que sob o reinado do traficante Nem não viviam tão mal".

Para o jornal, "parece que ainda será necessário esperar um pouco para que o plausível processo da reconstrução social empreendido pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, deite raízes na favela".

Muita pompa e marketing eleitoreiro para uma situação que jamais deveria ter chegado próximo ao que chegou, e que agora vem sendo executada tão somente em função da copa do mundo, e no entorno do maracanã. De qualquer maneira, com ou sem copa, a ação foi bem sucedida e necessária. Mas não devemos esquecer que segurança pública é dever do estado. Portanto não se fez mais que a obrigação.

Uma atualização se faz oportuna ao ler artigo de Sergio Lirio, da Carta Capital que diz: “Jornalistas que esperavam para registrar o hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro na favela da Rocinha notaram: os policiais enrolaram (literalmente) até o fim da transmissão da Fórmula 1 pela Rede Globo. Ficaram mais de um hora em uma espécie de operação tartaruga. Só quando a corrida terminou, as bandeiras foram hasteadas e, coincidência, as cenas puderam ser exibidas ao vivo pela Vênus Platinada. No Brasil, a Globo determina até a hora do combate ao crime.” O que infelizmente não deixa de ser a mais pura verdade!

Por: Eliseu

Um comentário:

  1. Quando Cabral finalmente acaba com um mau antigo e enraizado...... A oposição vai la e inventa algo para mudar a imagem de Cabral mas que saber.... Toda nossa sociedade está com Cabral, reconhecendo tudo que ele está fazendo por nossa sociedade.

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